sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Blog de Luis Nassif


O que os usuários da web têm a dizer sobre as eleições?

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O período de campanha eleitoral em 2012 teve início oficial no dia seis de julho. A partir desta data, os candidatos puderam ganhar as ruas em busca de apoiadores e votos, além de terem suas agendas de campanha divulgadas pelos noticiários. Mas o “tempo de política” começa mesmo, para grande parte do eleitorado, apenas quando o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) “invade” a programação das emissoras de rádio e de televisão abertas. A partir deste momento, é praticamente impossível não ver ou ouvir algum trecho do HGPE, mesmo que brevemente, antes de desligar a televisão ou colocar um CD no aparelho de rádio. A propaganda eleitoral gratuita deste ano começou no dia 21 de agosto, e é também mais comum acompanharmos, a partir de agora, entrevistas com os principais candidatos nos telejornais das grandes cidades brasileiras.
Saber o que nossos amigos e conhecidos pensam sobre os candidatos e as campanhas apresentadas ao longo do processo eleitoral é relativamente fácil. Afinal, é também a partir de agora que as conversas sobre política tendem a se tornar recorrentes dentro dos grupos aos quais pertencemos, sobretudo pela influência da sensação, provocada pelo HGPE, de que está chegando a hora de votar. Se quisermos ampliar a noção do que nossos contatos têm a dizer a respeito dos postulantes, podemos ainda recorrer à observação das postagens nas redes sociais online. A despeito do acesso restrito à internet entre os brasileiros – principalmente se o compararmos ao enorme alcance da televisão –, é comum, para quem tem uma conta no Twitter ou no Facebook, receber solicitações de amizade de candidatos que buscam votos através da rede e, ademais, ver aumentar o número de postagens relacionadas à decisão do voto. Mesmo quem declara “odiar política” assume uma posição no cenário que se configura até o início de outubro, quando é chegado o momento de comparecer às urnas.
Em meio a tantas atualizações de amigos e amigos de amigos, sejam eles nossos conhecidos ou completos estranhos no ambiente offline, o problema pode residir na organização e filtragem do excesso de conteúdos disponíveis. Ou tentamos acompanhar tudo o que se diz sobre as eleições na internet (o que parece inviável, mesmo que apenas no nosso círculo) ou buscamos distinguir, apenas a partir de um contato superficial, as informações que merecem ser conhecidas em detalhes daquelas com as quais não precisamos nem perder tempo (o que pressupõe um nível de conhecimento que não se deve esperar de todos os usuários da web). Desejar um panorama mais amplo, então, parece ambicioso demais. Certo? Não mais.
Com o objetivo principal de descobrir o que as pessoas publicam na internet acerca do processo eleitoral – posts que incluem comentários sobre os candidatos engraçados e ataques a opositores, passam pelo inconveniente de ter a programação interrompida pelo HGPE e por observações sobre os acontecimentos “quentes” de campanha e chegam às propostas de governo –, a Universidade Federal de Minas Gerais criou o Observatório das Eleições de 2012. Desenvolvidos sob a coordenação do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, os softwares responsáveis pelo funcionamento do site promovem a mineração dos dados provenientes da web relacionados a candidatos e a temas que estejam em pauta em portais de notícias e em redes sociais e ceais diversos, em quatorze capitais espalhadas pelas cinco regiões do país. O Observatório das Eleições foi inaugurado em 2010, quando acompanhou os conteúdos relacionados à disputa presidencial, e pertence a um projeto mais amplo, denominado Observatório da Web.
Responsável pela mineração de dados referentes a outros temas além das eleições (a exemplo da dengue, da Copa do Mundo e das Olimpíadas), o Observatório da Web é um projeto de pesquisa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para a Web (INWeb), resultante da colaboração de mais de 30 especialistas de quatro instituições de ensino federais: UFMG, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especificamente sobre o Observatório das Eleições de 2012, é importante salientar que este projeto é fruto de uma parceria entre os departamentos de Ciência da Computação, História (que compõem o Centro de Convergência de Novas Mídias) e Ciência Política (representado pelo Grupo de Pesquisa Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral –  http://www.opiniaopublica.ufmg.br) da UFMG.
No site, é possível filtrar os dados por cidade, partido ou evento. Outra funcionalidade é o acompanhamento em tempo real dos tweets relacionados à disputa eleitoral. Os eventos de campanha (debates televisivos e dias de votação) também serão monitorados pelo Observatório das Eleições de 2012, de modo que será possível acessar, mesmo depois de tais eventos, as postagens que forem realizadas no Twitter ao longo do acontecimento selecionado. Além de tudo isso, temos também os links de notícias e dos vídeos postados no YouTube mais populares (mais compartilhados através das redes sociais online) e a “nuvem de tags”, que apresenta as expressões mais utilizadas pelos internautas em suas publicações. Quem quiser conhecer esta interessante iniciativa, que propicia tanto a visão clara e organizada de um amplo universo de dados disponíveis (embora nem sempre visíveis) na web quanto a possibilidade de “garimpar” informações para pesquisas acadêmicas, pode acessar o seguinte link:http://observatorio.inweb.org.br/eleicoes/destaques/. De modo a mantermos o Observatório dinâmico e atento às novidades de campanhas e repercussões na rede, sugestões de tags, sites e blogs para alimentarmos nossa base de dados também são muito bem vindas. Para isso, basta deixar comentários no site do Observatório 2012.

*Nayla Fernanda Andrade Lopes é graduada em Jornalismo e pós-graduada em Comunicação Empresarial pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) e especialista em Marketing Político pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, cursa o mestrado em Ciência Política, também pela UFMG, e integra o Grupo de Pesquisa Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral (http://www.opiniaopublica.ufmg.br), com sede na UFMG.
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