quarta-feira, 29 de agosto de 2012


A solução política da crise do Watergate

Por Andre Araujo
A SOLUÇÃO POLITICA DA CRISE DE WATERGATE - Quando a Monarquia foi derrubada em 15 de novembro de 1889 as chancelarias europeias levaram um choque. O grande historiador Rocha Pombo, na sua Historia do Brasil em 5 volumes (edição W.M.Jackson) , narra em dezenas de paginas os telegramas das chancelarias da França e Inglaterra surpresas e inconformadas com a queda de um regime que lhes parecia sólido. A  Republica teve todavia entusiastico acolhimento em Washington. Os americanos ficaram simplesmente encantados com a queda da Monarquia que lhes parecia um enclave europeu nas Americas e deram o reconhecimento de forma entusiastica. A novel Republica copiou em tudo a nação do Norte, até no nome: Republica dos Estados Unidos do Brasil, reproduziu aqui o mesmo modelo politico e juridico, com Congresso bicameral e o mesmo desenho dos tres poderes, findo o Poder Moderador do Monarca.
A copia foi de forma mas não de conteudo. Ficou o formalismo e não se importou o pragmatismo.
A crise de Watergate é um exemplo de pragmatismo politico. O Presidente Nixon cometeu graves delitos para espionar o Partido rival, foi delatado e denunciado, teve que renunciar, seria processado criminalmente de forma pesada mas isso levaria o Pais a uma crise institucional. Não há duvida que se acusado e processado nos tribunais seria condenado e preso.
Seu sucessor, Gerald Ford, usando de seus poderes, em 8 de setembro de 1974 assinou decreto em que perdoou o ex-Presidente Nixon de todos os seus crimes e proibiu qualquer processamento criminal presente ou futuro pelos delitos do Caso Watergate. Na exposição de motivos declara que assim fez em beneficio da pacificação do Pais e de suas instituições, visando a continuidade da vida normal, objetivando cessar a crise e prosseguir nas tarefas de Governo sem carregar problemas do passado.
As instituições democraticas americanas são sólidas porque são pragmaticas. Não cultivam o passado e a inquisição do passado. No assassinato de Kennedy, o Pais não parou com essa tragédia de grande impacto. No impasse das contagens dos votos na eleição Bush x Al Gore, tomou-se uma decisão, certa ou errada, para evitar um prolongameto de crise, simplesmente parou-se a contagem e um dos candidatos foi declarado vencedor, sem recurso do outro.
Alimentar crises, curtir com isso, se agitar com o espetaculo da fogueira, é proprio da cultura da Inquisição ibérica, onde a população ia à praça para ver os hereges e bruxas queimarem nos Autos-da-Fe. Herdamos esse gosto pelo circo de expiação e punição, há um certo gozo nisso, vem da Inquisição, da cultura da malhação do Judas, é coisa atavica.
O caso Mensalão é um Auto-da-Fé, trata-se de malfeitos sem objetivo de beneficio pessoal, coisas infinitamente piores correm  a solta no Pais, uma das barreiras para as causas do mensalão seria o saneamaneto do mercado partidario que todavia, por razões insondaveis, o STF desconsiderou no caso da fidelidade partidaria e na clausula de barreira dos partidos.
Se quisesse sanear o sistema de partidos, em duas ocasiões deixou de faze-lo. Pune portanto o efeito e deixa a causa solta. Estranho rigor esse. Tudo parece caminhar para uma crise politica, espetaculo que o Brasil muito aprecia, pois temos de tempos em tempos.
O Brasil não gosta de resolver crises, gosta de curti-las.

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