Haddad diz que, se eleito, vai rever Nova Luz

Da Folha de S. Paulo
ELEIÇÕES 2012
Petista diz que plano de Kassab ignora comerciantes e faz crítica à 'criminalização' da população de rua na região
'Vocês são acusados de querer a degradação do bairro', diz pré-candidato a lojistas da rua Santa Efigênia
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
O pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, prometeu ontem, se eleito, rever o projeto da Nova Luz para atender a pedidos de comerciantes da região da Santa Efigênia, no centro da capital.
p>Em discurso a lojistas, ele criticou a proposta do prefeito Gilberto Kassab (PSD) de desapropriar imóveis para remodelar a área, hoje parcialmente ocupada pela cracolândia, e abrir caminho a empreendimentos imobiliários.
Haddad disse que comerciantes do bairro não estão sendo consultados sobre o plano, principal vitrine urbanística da gestão atual.
"Se você quer outro modelo, parece que você quer a degradação. Vocês todos são acusados de querer a degradação do bairro", disse Haddad aos lojistas.
"É surpreendente irem de encontro às gerações que construíram a Santa Efigênia. Vocês têm no PT um aliado nessa causa", afirmou.
A promessa de revisão do plano foi recebida com aplausos. Um dos comerciantes que usaram o microfone chegou a chamar Kassab de "prefeito cafajeste".
O líder do PT na Câmara Municipal, vereador Chico Macena, elevou o tom das críticas e acusou o prefeito de submeter a região aos interesses do setor imobiliário.
"O que estão fazendo na Santa Efigênia é um crime contra os comerciantes, os morados e a cidade. Isso é o Banco Imobiliário, é a entrega pura [da região] ao mercado", disse Macena.
Haddad criticou Kassab pela tentativa de apressar obras e tirar o projeto do papel no fim do mandato.
"Não consigo ver por que, faltando cinco meses para a eleição, tomar uma medida dessas", disse. Ele afirmou que o novo prefeito terá mais "legitimidade" para discutir mudanças no plano.
CRIMINALIZAÇÃO
O pré-candidato criticou a "criminalização" da população de rua, numa referência às ações do Estado e da prefeitura na cracolândia.
"Cresce o numero de moradores de rua na cidade mais rica do país. Tem alguma coisa errada aí. E não é a criminalização que vai resolver."
O petista lembrou o trabalho do pai como dono de uma loja de tecidos na 25 de Março e afirmou que a Santa Efigênia tem o mesmo valor simbólico para São Paulo.
"É do fundo do coração que eu digo isso: vocês estão pedindo muito pouco para não serem atendidos", disse aos lojistas. "Não estamos aqui fazendo proselitismo de um partido. Estamos transmitindo uma visão de cidade."
Após o discurso, ele afirmou que não propôs o cancelamento das concessões urbanísticas, e sim a rediscussão do projeto da Nova Luz. "Não estamos falando de um bairro desabitado e ocioso."