A entrevista de Sean Goldman, hoje com 11 anos

De O Globo.com

Sean Goldman dá entrevista a programa de TV americano

Ele fala sobre as lembranças em relação à disputa da sua guarda; avó diz estar perplexa

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Sean Goldman é entrevistado para o programa de TV<br />
Foto: Reprodução/NBC
Sean Goldman é entrevistado para o programa de TVREPRODUÇÃO/NBC
> RIO - O menino Sean Goldman vai contar, pela primeira vez, quais são as lembranças e impressões que ele tem a respeito da disputa sobre a sua guarda, iniciada em 2005. O garoto, que hoje tem 11 anos, é alvo de uma grande batalha judicial envolvendo o pai, David Goldman, e a família da mãe, Bruna Bianchi, que morreu em 2008. Desde 2009 morando com o pai nos Estados Unidos, Sean não vem ao Brasil há mais de dois anos e, hoje, concorda que o pai é "seu melhor amigo". Ele fez as declarações ao programa "Dateline NBC", programado para ir ao ar nesta sexta-feira, na TV americana.
A entrevista, com respostas em inglês, mostra um menino aparentemente tranquilo, que ainda tem lembranças confusas da época em que viveu no Brasil. Em 2005, Sean morava nos Estados Unidos com os pais, David e a brasileira Bruna Bianchi. Ela trouxe o menino para passar férias no Brasil e, chegando aqui, pediu a separação e nunca mais retornou com o menino, que na época tinha 4 anos. Bruna casou-se com um brasileiro, engravidou e, em 2008, morreu durante o parto da filha do casal. A guarda provisória de Sean ficou com o padrasto. Na véspera do Natal de 2009, David conseguiu a guarda do filho que, desde então, vive com ele nos EUA.
Jornais americanos e o site do programa da NBC já adiantaram trechos da entrevista. Sean contou que nunca questionou sua mãe ou avó sobre o porque de seu pai biológico não estar mais com eles. O menino contou que tinha medo de perguntar.
Sobre quando deixou o Brasil, de volta aos Estados Unidos, Sean lembra de "ter sido arrastado pelas ruas cheias de cinegrafistas", de ver "um monte de pessoas empurrando". "Ouvia um monte de gente gritando e chamando meu nome. Eu só queria escapar de todos', disse.
O menino contou ainda que percorreu um longo caminho até retomar o vínculo com David, mas nos últimos anos conseguiu estabelecer uma relação pai-filho verdadeira.
No ano passado, os advogados da família brasileira pediram à secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, para interceder junto às autoridades americanas para garantir à avó materna, Silvana Bianchi, o direito de visitação ao neto. A avó ainda pretende ter a guarda do menino. Segundo o site do programa da NBC, a avó brasileira ainda está lutando para vê-lo e afirma que David nega seu acesso a Sean e, portanto, viola seus direitos humanos. Mas o pai do garoto diz que ela pode ver seu neto a qualquer momento, desde que cumpra algumas condições básicas.
Avó brasileira diz que ficou perplexa ao saber da entrevista
Nesta quinta-feira, Silvana Bianchi disse ao site G1 que ficou “perplexa” ao saber por jornalistas brasileiros da entrevista de seu neto à emissora NBC.
- Não cheguei a ver e nem quero ver (a entrevista). Fiquei sabendo da reportagem por jornalistas, que me relataram alguns trechos do que o Sean teria dito na entrevista. Eu me reservo ao direito de não assistir porque eu acho isso uma crueldade. Eu acho que é uma exposição. Foi uma perplexidade, uma falta de entendimento do que esse senhor quer expondo o filho dessa maneira num canal de televisão para o mundo inteiro. O que esse senhor quer? A crueldade está sendo feita com esse menino pelo pai - disse a avó, que contou estar sem contato com o neto há um ano e meio.
Silvana contou que, durante esse período, tentou contato com Sean por telefone e e-mail. No último aniversário dele, a avó diz que mandou uma quantia em dinheiro para o neto, viu que a quantia foi sacada, mas lamenta não ter recebido nenhuma palavra de Sean. Ela disse, ainda, que chegou a concordar com o pedido de David, em retirar todas as ações movidas pela família. No entanto, ela alega que recuou, já que o pai não teria concordado com as visitas da família brasileira.
- Eu já tinha concordado em retirar as ações, mas quando eu aceitei, ele disse que não queria só isso e que queria mais coisas, entre elas, o pagamento de US$ 200 mil aos advogados dele. Teria que pagar para visitar o menino. Ele dizia que esse dinheiro era para pagar os honorários da advogada dele, por um acordo que ele não cumpriu. Quando o Sean saiu do Brasil ficou assinado um acordo de visitação feito pelo ministro Gilmar Mendes. Esse acordo não foi cumprido em nenhuma vírgula. A única coisa que eu pleiteio é o direito de visita ao meu neto. E esse acordo não foi obedecido - disse a avó.