A repressão do ato contra o golpe de 1964


Por alfeu
Do iG
Rio tem ato contra comemoração de aniversário de golpe militar de 1964
Protesto acontece em frente à sede do Clube Militar. Houve confusão e bombas de efeito moral foram atiradas.

Foto: Fábio Mota/Agência EstadoManifestantes entraram em confronto com a PM durante protesto no Rio
p>Um protesto contra a comemoração do aniversário do golpe que instaurou o regime militar no Brasil em 1964 terminou em confusão na tarde desta quinta-feira (29) em frente à sede do Clube Militar, na avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro.
Os participantes reclamaram de uma palestra realizada hoje no Clube para lembrar o golpe, que ocorreu no dia 31 de março de 1964.
Os manifestantes tentaram fechar a Rio Branco e foram contidos pela PM que precisou usar gás de pimenta e bombas de efeito moral para conter os participantes do movimento.
A situação voltou a ficar tensa quando militares da reserva que participaram do evento no Clube deixavam o local. Eles chegaram a ser cercados pelos manifestantes que, aos gritos, os chamaram de "covardes" e "assassinos".
Os militares tiveram que contar com a ajuda de PMs para irem embora. Os policiais fizeram um corredor para que eles caminhassem do prédio até a entrada do metrô, na estação Cinelândia. Durante o tumulto, uma pessoa foi detida.
Os manifestantes trouxeram fotos de pessoas que teriam desaparecido durante o regime militar e pediram a reabertura dos arquivos da ditadura.
Com informações da Agência Estado
Por Vânia
O post e o primeiro vídeo são do "Vermelho". Acrescentei um vídeo um pouco maior no qual aparecem cenas de militares saindo do clube.
Do Vermelho.org
Ato contra comemoração do golpe de 64 termina em confronto no Rio
Eles anunciaram e cumpriram. Dezenas de militares da reserva se reuniram na tarde desta quinta-feira (29), no Círculo Militar, Rio de Janeiro, para comemorar o golpe militar de 1964, chamado pelos autores de “revolução”. Em protesto, militantes indignados com o fato se reuniram em um ato no local. Saldo: um militante preso e dois feridos após um conflito entre jovens e militares em pleno século 21, quando o mundo, em especial a América Latina, vive sua verdadeira revolução social.
foto: Arena/AE

O ato foi organizado por diversos movimentos de juventude, ligados aos partidos políticos, como a União da Juventude Socialista no estado (UJS-RJ), do PCdoB; jovens do PT, Psol, PDT, entre outras; militantes de direitos humanos e parentes de vítimas da ditadura.
Uma multidão formada por cerca de 350 pessoas se reuniu em frente ao local, na esquina da Avenida Rio Branco com Rua Santa Luzia, na Cinelândia, por volta das 14h. A cada aparição de um militar, que só conseguia entrar no prédio sob escolta da Polícia Militar (PM), gritos como “assassino”, “covarde” e “torturador” eram ecoados pelos presentes.
Nas ruas próximas, vários cartazes com frases como "Ditadura não é revolução", "Onde estão nossos mortos e desaparecidos do Araguaia?", além de fotografias de desaparecidos durante os anos de chumbo. Para representar o sangue derramado durante a ditadura, manifestantes derramaram um balde de tinta vermelha nas escadarias do Clube Militar.
Um dos militares revidou, tomando o celular das mãos de um manifestante, que também reagiu. Houve empurra-empurra e o estudante de Ciências Sociais Antônio Canha, de 20 anos, acabou sendo atingido por um tiro de descarga elétrica de uma pistola Taser, usada pela tropa de choque da PM, que fez a escolta do local. No momento em que foi colocado dentro do camburão, várias pessoas tentaram impedir, cercando o veículo.
A PM, então, usou spray de pimenta para dispersar a aglomeração. Os manifestantes responderam fechando a Avenida Rio Branco por dez minutos. “A ditadura não acabou, na PM também tem torturador”, gritavam os manifestantes revidando ao gás de pimenta. Foi quando novamente os policiais agiram arremessando bombas de efeito moral, cujos estilhaços feriram na barriga a manifestante Miriam Caetano, de 33 anos.
Os militares, que assistiam ao debate "1964 - A Verdade", ficaram sitiados no prédio do Clube Militar, na Cinelândia. Após o término do evento, quando tentaram sair, o prédio estava cercado pelos manifestantes. Em pequenos grupos, os militares deixaram o lugar por uma porta lateral, na rua Santa Luzia, escoltados pela PM até uma estação de metrô próxima ou até um táxi. No entanto, muitos recuaram por causa do forte cheiro de gás de pimenta que tomou o térreo do clube. A PM ainda tentou conter os manifestantes para liberar alguns membros da reserva pela porta principal. Mas, os militantes não deram trégua e a saída dos fardados foi novamente tumultuada.
Desde o ano passado, a presidente Dilma Rousseff determinou o fim desta celebração nas Forças Armadas. O evento dos militares acontece um mês após o lançamento de um manifesto em que eles cobram da presidente uma postura contrária à Comissão da Verdade e à revogação da Lei da Anistia.

Repercussão no Twitter
Diversos militantes tuitavam enquanto estavam no conflito. “O ato virou uma batalha campal no centro da cidade! O babaca do Bolsonaro ficou acenando da janela durante a confusao”, exclamou no Twitter Flávia Calé, presidente da União da Juventude Socialista (UJS) no Rio de Janeiro, referindo-se ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), presente nas comemorações da chamada “revolução”.

Outros internautas lamentaram e se surpreenderam com o enfoque dado pela grande mídia, como em O Globo "O que era para ser uma simples comemoração do Golpe de 64" . "Sério, "O Globo" escreveu isso: "uma simples comemoração" do golpe de 64. caramba!!!!", postou a jornalista Nina Lemos. Na Globo News, um jornalista que cobria a manifestação teve dificuldade para narrar os acontecimentos por conta do grande volume de gás pimenta. 

Mas houve quem condenasse a manifestação. "Maria do Rosário deve estar feliz. Militares estão sendo cassados nas ruas", alfineta o jornalista da Veja Reinaldo Azevedo