terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Enviado por Míriam Leitão -
28.2.2012
|
10h08m
NA CBN

O dilema do governo em relação à poupança

O governo estuda mudanças na correção da caderneta de poupança. É um assunto delicado, difícil, mas inevitável. A remuneração da poupança é TR mais 6% e não há incidência de Imposto de Renda (IR).
Como os juros estão caindo e, segundo o BC, continuarão em queda, o poupador considera: "Se eu deixar o dinheiro na poupança, não pagarei imposto; é melhor do que colocar, por exemplo, num fundo de renda fixa".
Só que os fundos compram títulos públicos. Já os bancos têm de aplicar parte dos depósitos em poupança no mercado imobiliário para financiar imóveis.
Por causa do trauma da era Collor, ficou um estigma: não se pode mexer na caderneta de poupança. Mas, se não mexer, chegará um ponto em que os juros não poderão continuar caindo. Essa batata quente está nas mãos do governo há um tempo.
Quando os juros caíram bastante no governo Lula, chegando até a um nível abaixo do que estão hoje, esse assunto veio à tona, foi feita uma proposta (de incidência de IR sobre as aplicações maiores), mas como era ano eleitoral, o ministério da Fazenda recolheu a proposta.
Agora, de novo, os juros estão caindo, o que é bom, mas cria esse impasse para o governo. O que vai fazer para que não haja uma corrida em direção à caderneta de poupança, depois de um certo ponto de queda dos juros, nem faltar dinheiro para rolar a dívida pública - os títulos que estão como lastro dos fundos de investimento?
O governo está de novo analisando o assunto. Ainda tem um tempo para estudá-lo, porque no patamar em que estão os juros é melhor aplicar nos fundos do que na caderneta de poupança. Mas depois de certo ponto, acaba sendo um impedimento de queda da taxa Selic, a menos que o governo enfrente isso.
Qualquer mudança na correção da poupança tem de respeitar as regras, o que foi contratado. Quem já tem dinheiro aplicado não pode ter alteração na regra de remuneração. É um assunto difícil. O governo fica pisando em ovos, tentando encontrar uma saída para esse problema.
A caderneta é a mais popular das formas de poupança. E carrega um trauma. O ex-presidente Collor fez uma violência com esses poupadores e, mesmo assim, os brasileiros continuaram confiando na caderneta de poupança, deram uma segunda chance. Qualquer alteração tem de ser muito delicada, não pode mexer com os pequenos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário